A fotografia é tão presente hoje em nossas vidas, que é difícil acreditar que um dia ela não existiu. Pode-se dizer que ela teve início no século XVI, quando foi descrita e utilizada. Um de seus utilizadores foi Leonardo Da Vinci, que usava a chamada Câmara Escura para dar base as suas pinturas. Porém, a primeira foto reconhecida como tal veio mais tarde, em 1826, com o francês Joseph Nicéphore Nièpce. A fotografia utilizada a luz em um processo químico que levava 8 horas para fixar a imagem no suporte. Daí em diante, várias evoluções surgiram: diminuiu-se o tempo de exposição a luz de horas para minutos; iniciou-se a produção de negativos, que possibilitavam a produção de várias cópias positivas da mesma imagem; surge a pelicula substituível em rolo (com 24 exposições ou poses). O surgimento do rolo, juntamente com o surgimento da câmera tipo caixão, popularizou a fotografia, que passou a registrar ainda mais evoluções a partir desse período: surge o filme colorido, as máquinas de foco automático e, o mais importante para nós, a máquina digital (KODAK, 2001).
A Câmera digital foi lançada em 1990, mas seu preço não era nada acessível, por isso não pode ser usada profissionalmente. Porém, em 10 anos, a câmera digital tornaria-se produto de consumo das massas.
Com certeza essa nova tecnologia foi desprezada e sofreu resistência de alguns:
Com o anúncio da gravação da imagem por Daguerre na Europa, logo se instituiu uma grande polêmica entre os pintores. Eles acreditavam que o novo método acabaria com a pintura, não admitindo, portanto, que a fotografia pudesse ser reconhecida como arte, uma vez que era produzida com auxílio físico e químico. (OLIVEIRA, 2006, p.3).
Porém, vemos que a fotografia não veio acabar com a pintura nem com a arte, pelo contrário, veio fazer parte dela. A pintura continua sendo um importante movimento artístico e, hoje, a fotografia tem também seu espaço na arte:
A profissão de fotógrafo passou a ser cobiçada em todo o mundo, revelando profissionais altamente qualificados e, até, adorados em vários países, como Brett Weston, Cartier Bresson, Edward Weston, Robert Capa, Robert Frank, Alexander Ródchenko, Pierre Verger e Jean Manzon, entre outros. Esses profissionais formaram uma geração de ouro do fotojornalismo mundial, mostrando muita criatividade e ousadia em suas fotografias, fazendo delas verdadeiras obras de artes, admiradas
por milhões de pessoas. (OLIVEIRA, 2006, p. 3)
Não só em arte ou profissionalmente, mas a fotografia hoje é ferramenta dominada pela massa. Os preços tornam-se cada vez mais acessíveis, não se necessita mais de grandes conhecimentos para operar uma câmera fotográfica e, outros aparelhos, como os celulares, possuem o recurso de fotografar também:
O acesso a esse tipo de equipamento se torna cada dia mais comum em aparelhos celulares e agendas de bolso com câmeras fotográficas acopladas. Basta, nesse caso, uma resolução de imagem compatível com as publicações para que qualquer cidadão possa veicular seu material em noticiário escrito e televisivo, provocando uma verdadeira revolução no jornalismo. (OLIVEIRA, 2006, p. 6).
Essa facilidade de acesso e uso trouxe uma mudança muito grande para os costumes das pessoas e para certas profissões, como fotógrafos e jornalistas, por exemplo. Para os últimos citados, a novidade trouxe benefícios e malefícios. Benefícios porque, com a câmera digital, eles possuem a opção de fotografar em maior número, sem prejuízo financeiro. Assim, possuem mais chances de fazer a melhor foto e não gastam recusos a toa. Um malefício que eu, leiga no jornalismo, percebo para a classe, é que sua profissão tornou-se um tanto “popular”, no sentido de que eles não são mais os únicos a produzir esse tipo de informação fotográfica. Qualquer pessoa com um equipamento qualquer, ao flagrar uma situação qualquer, faz o registro fotográfico e pronto: já é uma produtora de jornalismo.
Para a sociedade em geral, vejo um problema muito grande surgindo com as câmeras digitais. Como todo passo a frente dado na história, há alguns passos sendo dados para trás. Nesse caso, vejo que a fotografia perdeu seu importante papel social. Antigamente uma fotografia simbolizava um grande feito, um símbolo de união e uma forma de registro das famílias. A família chamava um fotógrafo, reunia-se para ser fotografada, os nomes eram guardados nessas fotografias e as memórias preservadas. Ainda com a fotografia analógica como recurso dominado pelo povo, as fotos tinham seu valor, precisavam ser reveladas, só se via o resultado após a revelação, o que trazia uma magia especial ao processo, além de dar um toque de naturalidade e realidade a foto.
A ascenção das câmeras digitais trouxe um descaso com as fotografias. Como se tira muitas e se armazena em computadores, essas fotos não são mais impressas em papel, fazendo com que muitas delas se percam com o tempo. Essas muitas fotos podem, facilmente, serem refeitas, deletadas e até modificadas, o que tirou a naturalidade delas. Não se espera mais dias para ver o resultado do trabalho feito. Vê-se na hora. Não ficou legal, apaga, faze-se novamente, tantas vezes forem necessárias até se obter o resultado desejado, mesmo que ele não seja o registro fiel da pessoa (ou objeto) fotografado.
Mas para mim, o principal problema recorrente dessa facilidade é a perda do costume de ter os registros em papel. Como já disse Oliveira: “A má utilização da fotografia nos dias de hoje acarretará, sem dúvida, enormes prejuízos para a documentação e as pesquisas futuras, comprometendo a memória e a ética da fotografia.” (OLIVEIRA, 2006, p.5). Eu mesma já perdi fotos por problemas com o computador e por não tê-las imprimido. Desde então, gravo as minhas fotos em CD, para evitar outros danos. CDs esses que meu computador, por ter outra versão do sistema operacional que meu antigo tinha, não lê mais. Por esses e outros exemplos digo que o papel ainda é um bom recurso.
Por fim, gostaria de ressaltar o fato de que todo passo a frente provoca um passo atrás, como diz Peter Burke, toda Inovação traz uma “Denovação”. É ótimo que a fotografia tenha evoluído e tornado-se acessível ao público. Mas esse deve tomar certos cuidados para que a memória continue sendo preservada através das fotografias. Para isso é bom que se registre os nomes, que se imprima fotos, que se guarde esses arquivos em outros lugares, que se mantenha as fotos naturais etc. Tudo isso pensando na memória dos que virão.
Referência Bibliográfica
KODAK brasileira Com. e Ind. LTDA. História da Fotografia. Diponível em:
. Acesso em: 24 set. 2010
OLIVEIRA, Erivam Morais de. Da fotografia analógica à ascenção da fotografia digital. p. 3 Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/oliveira-erivam-fotografia-analogica-fotografia-digital.pdf>. Acesso em: 24 set. 2010.